Resposta:
A visão da “porta fechada” foi uma das primeiras e mais controversas visões de Ellen G. White, ocorrida em 1844 logo após o grande desapontamento milerita quando Cristo não voltou conforme esperado em 22 de outubro daquele ano. Nessa visão, ela viu que a “porta da misericórdia” estava fechada para aqueles que haviam rejeitado a mensagem do advento e que não havia mais esperança para sua salvação.
Ellen G. White escreveu: “Foi-me então mostrado que a porta fechada em Mateus 25:10 era no tempo em que a grande decepção ocorreu em 1844. Todos os que viram a luz da mensagem do primeiro e segundo anjos e rejeitaram aquela luz, foram deixados em trevas” (Manuscript 4, 1883).
Essa visão parece sugerir que a salvação não estava mais disponível para aqueles que não haviam aceitado a mensagem milerita. Alguns primeiros adventistas usaram isso para ensinar que não havia mais misericórdia para os pecadores após 1844 e que a evangelização não era mais necessária.
No entanto, essa interpretação levanta sérias questões teológicas. Parece contradizer a natureza do evangelho e o convite aberto de Deus para todos se arrependerem e serem salvos (João 3:16; 2 Pedro 3:9). Sugere que Deus arbitrariamente fecha a porta da graça com base na resposta a uma mensagem específica, em vez do relacionamento geral com Cristo.
Ao longo do tempo, a própria Ellen G. White pareceu se afastar dessa interpretação restritiva. Ela passou a aplicar a visão da porta fechada de maneiras mais metafóricas, referindo-se ao fechamento da porta da misericórdia no fim dos tempos ou à perda de oportunidades espirituais para aqueles que persistentemente rejeitam a luz.
Ela escreveu: “Não há nenhum tempo definido na Palavra de Deus quando a porta da graça será fechada. Deus ainda está chamando pecadores à salvação, e aqueles que se arrependem e creem no nome de Jesus, ainda serão salvos” (Review and Herald, 7 de fevereiro de 1878).
A maioria dos teólogos adventistas atualmente veem a visão da porta fechada como uma compreensão inicial imperfeita influenciada pelo desapontamento pós-milerita, e não como uma doutrina contínua da igreja. Reconhecem que a compreensão de Ellen G. White e do movimento adventista se desenvolveu ao longo do tempo para uma visão mais madura e bíblica.
A principal lição da experiência da porta fechada pode ser a importância de manter todas as experiências espirituais, incluindo visões e profecias, sob a autoridade da Escritura. Qualquer visão que pareça contradizer o claro ensino bíblico sobre a natureza de Deus e do evangelho precisa ser reinterpretada ou descartada.
Outro insight pode ser o perigo de fixar datas específicas para eventos proféticos e fazer da aceitação de uma mensagem particular um teste de fidelidade a Deus. A história da porta fechada adverte contra o exclusivismo e o sectarismo que podem surgir de tais abordagens.
Em última análise, o propósito da porta fechada na teologia adventista pode ser mais como uma lição histórica do que uma doutrina permanente. Serve como um lembrete para fundamentar todas as crenças no claro ensino da Palavra de Deus e para manter o evangelho da graça no centro da fé e prática adventista.