Por que a maioria dos cristãos adora no domingo, não no sábado?

Resposta:

A questão do dia de adoração, se deve ser no sábado ou no domingo, é um tema que gera discussões entre cristãos. Alguns argumentam que o sábado é o dia bíblico de adoração e que guardar o domingo não tem base bíblica. No entanto, uma análise cuidadosa da Bíblia, especialmente do Novo Testamento, mostra que há razões válidas para a adoração dominical.

Primeiro, é importante reconhecer que o sábado foi dado como sinal da aliança entre Deus e Israel (Êxodo 31:12-17). Era parte da lei mosaica dada especificamente à nação israelita. Com a vinda de Cristo, a lei cerimonial foi cumprida e a aliança antiga deu lugar à nova aliança (Hebreus 8:13). Paulo deixa claro que os cristãos não estão mais debaixo da lei, mas sob a graça (Romanos 6:14).

Em Colossenses 2:16-17, Paulo aborda diretamente a questão dos dias sagrados: “Portanto, ninguém os julgue pelo que comem ou bebem, ou por causa dos dias de festa, das luas novas e dos sábados. Tudo isso é apenas sombra das coisas que haviam de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” Ele ensina que os sábados, assim como outros aspectos cerimoniais da lei, eram uma sombra que apontava para Cristo. Com a vinda d’Ele, a substância, a observância desses dias não é mais obrigatória.

Em Gálatas 4:9-11, Paulo repreende os cristãos que estavam voltando a observar dias e tempos especiais: “Agora, porém, que vocês conhecem a Deus, ou melhor, sendo conhecidos por Deus, como estão voltando àqueles elementos fracos e pobres? Querem ser escravizados por eles novamente? Vocês estão observando dias especiais, meses, temporadas e anos! Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.” Ele equipara a observância de dias à escravidão à lei da qual Cristo nos libertou.

Além disso, há evidências no Novo Testamento de que os primeiros cristãos passaram a se reunir no primeiro dia da semana, o domingo, para celebrar a ressurreição de Cristo. Em Atos 20:7 lemos: “No primeiro dia da semana, quando nos reunimos para partir o pão…”. O texto indica que era costume dos discípulos se reunirem nesse dia.

Em 1 Coríntios 16:2, Paulo orienta a igreja a separar ofertas no primeiro dia da semana: “No primeiro dia da semana cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não se tenha que fazer coletas quando eu chegar.” Novamente, vemos a menção do primeiro dia como um dia em que normalmente a igreja se reunia.

O livro de Apocalipse também faz menção ao “dia do Senhor” (1:10), que desde os primeiros séculos os cristãos entenderam como sendo o domingo, em honra do Senhor ressuscitado.

É importante notar que em nenhum lugar do Novo Testamento há um mandamento explícito para a guarda do sábado pelos cristãos. Pelo contrário, vemos a liberdade que os crentes têm em relação a dias (Romanos 14:5). O que importa não é o dia em si, mas que dediquemos tempo para adorar a Deus e nos reunir com os irmãos.

A ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana deu a esse dia um significado especial para os cristãos. É o dia da vitória, do novo começo, da nova criação. Assim como Deus descansou após concluir a criação no sétimo dia, Cristo “descansou” na sepultura no sábado, após concluir na cruz a obra da nova criação. E no primeiro dia Ele ressuscitou, inaugurando a nova era do Reino de Deus.

Portanto, a adoração dominical não é uma negação do sábado bíblico, mas uma celebração da obra consumada de Cristo. É um reconhecimento de que em Cristo as sombras deram lugar à realidade, de que não estamos mais debaixo da lei, mas da graça. O domingo se tornou para os cristãos o “dia do Senhor”, em que celebramos Sua ressurreição e nos reunimos para adorá-Lo, partir o pão, orar e encorajar-nos uns aos outros na fé.

Isto não significa que o sábado perdeu totalmente seu valor e significado. Ele continua sendo um memorial da criação e um símbolo do descanso que temos em Cristo (Hebreus 4:9-10). Guardar um dia de descanso e adoração é um princípio bíblico válido. Mas para os cristãos, o dia específico é secundário. O mais importante é que dediquemos tempo para Deus e para a comunhão com os irmãos, seja no sábado ou no domingo.

Em resumo, a Bíblia mostra que para os cristãos, a guarda do sábado não é uma obrigação da nova aliança. A adoração no domingo tem base bíblica e teológica no NT, como celebração da ressurreição de Cristo e da liberdade que temos n’Ele. Não devemos julgar uns aos outros com base em dias (Romanos 14:5), mas usarmos nossa liberdade para adorar a Deus em espírito e em verdade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *