Resposta:
A acusação de legalismo contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma crítica comum e não totalmente sem fundamento. Embora a teologia adventista oficial ensine que a salvação é pela graça mediante a fé, algumas doutrinas e ênfases práticas dentro do adventismo podem de fato tender ao legalismo.
Uma doutrina central do adventismo que levanta questões sobre legalismo é a do Juízo Investigativo. Essa crença de que, a partir de 1844, Cristo entrou no Lugar Santíssimo do santuário celestial para examinar os registros de todos os professos crentes e determinar quem é digno da vida eterna, pode implicar que nossa salvação depende em parte de nossas obras. A ideia perfeccionista de que devemos alcançar um caráter perfeito antes da volta de Cristo também pode alimentar uma mentalidade legalista.
A ênfase adventista na guarda do sábado como sinal do povo remanescente de Deus também pode se aproximar do legalismo. Alguns adventistas podem sugerir que trabalhar no sábado ou mesmo morrer num sábado sem o guardar estritamente põe em risco a salvação. Isso parece colocar uma ênfase desproporcional na observância externa em detrimento da graça.
Questões de estilo de vida, como abster-se de carne e café, também podem se tornar marcadores legalistas de fidelidade espiritual. Declarações de Ellen G. White, como “ninguém entrará nas mansões celestes com carne em seu estômago” (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 380), podem levar a uma mentalidade de salvação pelas obras.
A grande ênfase adventista na devolução dos dízimos também pode tender ao legalismo se apresentada como um requisito para a salvação e não como uma resposta de gratidão. Ellen G. White escreveu: “Se não houver outro livro aberto senão aquele que contém os registros dos dízimos, será fácil verificar quem é leal ou desleal a Deus” (Manuscrito 116, 1899).
No entanto, é importante notar que muitos adventistas atualmente estão revendo essas posições à luz de um estudo mais aprofundado da Bíblia. Há um crescente reconhecimento de que doutrinas derivadas principalmente dos escritos de Ellen G. White, e não claramente embasadas nas Escrituras, não devem ser consideradas essenciais para a salvação. Muitos estão enfatizando mais a centralidade da graça e o caráter de fruto da obediência.
Portanto, embora algumas doutrinas e ênfases adventistas possam de fato tender ao legalismo, seria uma generalização excessiva rotular todos os adventistas como legalistas. Teologicamente, o adventismo afirma a graça salvadora de Cristo. No entanto, adventistas devem estar sempre vigilantes contra formas sutis de legalismo que podem se infiltrar na prática e na pregação. Manter Cristo e Sua graça no centro é crucial para evitar uma religião de obras que ofusca o evangelho.