O que vai acontecer com cristãos que não guardam o sábado?

Resposta:

A questão do destino dos cristãos não adventistas que não guardam o sábado é um ponto sensível e controverso na teologia adventista. Historicamente, alguns adventistas ensinaram que a guarda do sábado será o teste final de lealdade a Deus nos últimos dias e que aqueles que não o guardam receberão a marca da besta e enfrentarão a condenação eterna.

Essa visão se baseia em uma interpretação particular de Apocalipse 13-14, que fala de uma “marca da besta” em contraste com o “selo de Deus”. Adventistas tradicionalmente identificaram o selo de Deus como a guarda do sábado, e a marca da besta como a observância do domingo imposta por lei (o “decreto dominical”).

Ellen G. White escreveu: “A questão do sábado será o ponto controverso em que todo o mundo tomará decisões” (O Grande Conflito, p. 300). Ela também afirmou: “A observância do domingo pelas igrejas protestantes é uma homenagem que prestam ao papado” (O Grande Conflito, p. 448).

No entanto, essa visão levanta sérias questões teológicas e práticas. Sugere que a salvação é determinada pela guarda de um dia específico e não pela fé em Cristo. Parece negar a realidade da graça e do novo nascimento na vida de milhões de cristãos não adventistas que amam e servem a Cristo, embora não guardem o sábado.

Biblicamente, embora o sábado seja um presente de Deus e um princípio de descanso válido, o Novo Testamento não o apresenta como um teste de salvação. Paulo adverte contra julgar os outros com base em dias (Romanos 14:5-6; Colossenses 2:16-17).

Além disso, a noção de que todas as outras igrejas são “Babilônia” e que os adventistas são o único remanescente fiel parece contradizer a afirmação de Jesus de que Ele tem “outras ovelhas” que não são do aprisco adventista (João 10:16).

Felizmente, muitos adventistas atualmente estão reavaliando essa visão exclusivista. Reconhecem que Deus tem Seu povo em todas as denominações que crem em Cristo, mesmo que não tenham a mesma compreensão do sábado. Enfatizam mais a unidade do corpo de Cristo e a realidade da experiência cristã baseada no novo nascimento, e não na adesão a doutrinas específicas.

Alguns teólogos adventistas propuseram que a “marca da besta” seja entendida mais como uma atitude de rebelião contra Deus do que uma questão de dias de adoração. E o “selo de Deus” seria o Espírito Santo na vida do crente (Efésios 1:13-14), não a observância do sábado.

Portanto, embora a visão tradicional adventista possa sugerir que cristãos não adventistas estejam perdidos por não guardar o sábado, uma perspectiva mais bíblica e centrada na graça reconhece que a salvação é pela fé em Cristo, não pela guarda de um dia. Adventistas devem afirmar a validade da experiência cristã de seus irmãos de outras denominações, mesmo discordando sobre a doutrina do sábado. Em última análise, é obra do Espírito Santo convencer sobre a verdade, não nossa tarefa julgar a relação dos outros com Deus.

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