Numerologia Sabática da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Introdução

A Igreja Adventista do Sétimo Dia considera o sábado como um dos pilares centrais de sua teologia, enfatizando sua importância em termos escatológicos (relacionados ao fim dos tempos). Essa doutrina é promovida constantemente pelo Instituto de Pesquisa Bíblica (IPB) da organização e por figuras de destaque, como Angel Manuel Rodríguez, que liga a observância do sábado à salvação. No entanto, essa ênfase no sábado pode desviar o foco do verdadeiro evangelho, que está centrado unicamente em Jesus Cristo. Neste artigo, examinamos criticamente os argumentos apresentados pelos adventistas, refutando sua posição teológica com base nos ensinamentos bíblicos e destacando o perigo de colocar o sábado no centro da fé cristã.

A Centralidade do Sábado no Adventismo

Angel Manuel Rodríguez, ex-diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica, apresenta o sábado como um sinal de lealdade a Deus e também como um elemento crucial do evangelho eterno. Em um de seus artigos publicados na Adventist Review (julho-setembro de 2024), ele afirma: “O sábado faz o quê? Atesta a validade do evangelho eterno” (IPB, julho de 2024).

Esse ponto de vista está alinhado com as declarações de Ellen White no livro Testemunhos para a Igreja, Volume 6, onde ela escreve: “O sábado é a grande prova de lealdade, pois é o ponto de verdade especialmente controvertido” (p. 352). Segundo White, a observância do sábado se torna o teste final para os cristãos, marcando aqueles que serão fiéis a Deus nos últimos dias.

Refutação Bíblica: A Salvação Vem Somente por Meio de Cristo

Embora a teologia adventista coloque o sábado como parte essencial do evangelho, a Bíblia ensina que a salvação vem somente pela fé em Jesus Cristo. Na carta aos Gálatas, Paulo aborda diretamente o problema de adicionar exigências ao evangelho. Em Gálatas 1:6-9, ele alerta contra qualquer “outro evangelho” que se desvie da mensagem da salvação pela graça, dizendo: “Mas, ainda que nós ou um anjo do céu vos pregue outro evangelho além do que vos temos pregado, seja anátema.”

Essa passagem é uma refutação direta à posição adventista, que alinha o sábado com o evangelho. Em nenhum lugar do Novo Testamento o sábado é mencionado como parte do evangelho ou como condição para a salvação. Pelo contrário, o foco está na obra consumada de Cristo na cruz, conforme descrito em 1 Coríntios 15:1-4: “Agora, irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que vos preguei… que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia.”

O Sábado: Uma Sombra das Coisas Futuras

O sábado, como parte da Antiga Aliança, servia como uma sombra do descanso que viria por meio de Jesus Cristo. Colossenses 2:16-17 fala diretamente sobre isso: “Portanto, ninguém vos julgue por causa de comida ou bebida, ou com respeito a dias de festa, ou lua nova, ou sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” O sábado era um símbolo que apontava para o descanso encontrado em Cristo (Hebreus 4:9-10).

No entanto, a teologia adventista eleva o sábado além de seu propósito bíblico, transformando-o em um requisito para a salvação. Essa abordagem contradiz os ensinamentos do Novo Testamento, onde a ênfase é colocada na obra de Cristo e não na observância de dias ou rituais específicos. Em Romanos 14:5, Paulo deixa claro que a observância de dias específicos é uma questão de convicção pessoal: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.”

Os Escritos de Ellen White e os Pioneiros Adventistas

Os escritos de Ellen White frequentemente elevam o sábado a um status que é difícil de sustentar biblicamente. Em O Grande Conflito, ela escreve: “O sábado será a grande prova de lealdade… enquanto a observância do falso sábado em conformidade com a lei do estado, contrária ao quarto mandamento, será uma declaração de lealdade a um poder que se opõe a Deus” (p. 605). Essa crença cria uma forma de “teologia substitutiva” dentro do adventismo, onde o sábado substitui o papel central de Cristo na redenção.

Pioneiros adventistas como Joseph Bates e James White também contribuíram para essa ênfase no sábado. Bates, em sua obra O Sábado do Sétimo Dia: Um Sinal Perpétuo, argumentava pela natureza eterna do mandamento do sábado, equiparando-o a um teste de fé verdadeira. No entanto, Bates e seus contemporâneos frequentemente ignoravam os ensinamentos do Novo Testamento que enfatizavam a liberdade da Lei Mosaica através de Cristo.

Sábado e Legalismo: Uma Mistura Perigosa

A insistência na observância do sábado dentro da doutrina adventista pode levar ao legalismo, algo condenado em todo o Novo Testamento. Gálatas 5:4 adverte: “Estais separados de Cristo, vós que procurais justificar-vos pela lei; da graça tendes caído.” Ao fazer do sábado o centro de sua teologia, os adventistas correm o risco de se colocar novamente sob o jugo da lei, uma posição que Paulo se opõe veementemente em suas cartas.

O próprio Jesus refutou a interpretação legalista do sábado. Em Marcos 2:27, Ele declara: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Esta declaração desmonta a noção adventista de que o sábado é um teste de salvação, enfatizando que o sábado era um presente para o benefício da humanidade, não um requisito para a aprovação divina.

Numerologia e Práticas Ocultistas no Adventismo

Outro aspecto problemático da interpretação adventista do sábado é o uso de numerologia para apoiar sua centralidade. O artigo de Angel Manuel Rodríguez na revista do IPB afirma que a estrutura numérica dos Dez Mandamentos aponta para o sábado como o centro do decálogo. Esse tipo de interpretação numerológica é estranha à exegese bíblica e se alinha mais com práticas ocultistas.

Deuteronômio 18:10-12 proíbe explicitamente tais práticas: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.” A Bíblia não endossa o uso de códigos secretos ou numerologia para revelar verdades mais profundas. Em vez disso, incentiva uma leitura simples das Escrituras, onde a mensagem da salvação por meio de Cristo é clara e acessível a todos.

Tradução da Numerologia do Sábado:

“O Sábado como um Sinal de Lealdade

O sábado está literalmente no centro do Decálogo e sua singularidade e especificidade o transformam em um sinal ideal de lealdade a Deus. Na língua hebraica, o Decálogo, conforme registrado em Êxodo 20:3-17, consiste de 152 palavras. Para encontrar seu centro, simplesmente dividimos 152 por dois, e o resultado é setenta e seis palavras de um lado e setenta e seis palavras do outro. O centro do Decálogo está localizado no versículo 10. A septuagésima sexta palavra é “o sétimo” (hashshibi’i), e a septuagésima sexta palavra na outra seção é “sábado” (shabbat). A frase seguinte está no centro do Decálogo: Mas o sétimo dia é um sábado “pertencente”, “para” ou “a” Yahweh. Em hebraico, consiste de quatro palavras:

75 — “mas-o-dia” (Heb. weyom)
76 — “o-sétimo” (Heb. hashshibi’i)
76 — [é] “sábado” (Heb. shabbat) (o verbo implícito “é” é fornecido pelos tradutores)
75 — “para/pertencente ao SENHOR” (Heb. laYahweh)”

O Verdadeiro Evangelho Está Centrado em Cristo

Em conclusão, a ênfase da Igreja Adventista do Sétimo Dia no sábado distorce a mensagem do verdadeiro evangelho, que está centrado em Jesus Cristo. O uso de numerologia, combinado com a insistência na observância do sábado como um teste de lealdade, coloca o adventismo em um território teológico perigoso. Como Paulo adverte em Colossenses 2:8: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.”

Os cristãos são chamados a colocar sua fé somente em Jesus para a salvação, e não na observância de dias específicos ou rituais. O evangelho é sobre graça, não sobre as obras da lei (Efésios 2:8-9). Assim, o sábado, embora seja um símbolo de descanso, não deve eclipsar o verdadeiro descanso encontrado em Cristo. Os adventistas do sétimo dia que colocam o sábado como medida de fidelidade devem reconsiderar sua posição à luz dos ensinamentos bíblicos sobre a graça e a liberdade em Cristo.

Referências Bíblicas:

  1. Gálatas 1:6-9 – “Estou admirado de que vocês estejam se afastando tão depressa daquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam, e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue outro evangelho além do que vos temos pregado, seja anátema.”
  2. 1 Coríntios 15:1-4 – “Agora, irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que vos preguei, que vocês receberam e no qual permanecem firmes… que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia.”
  3. Colossenses 2:16-17 – “Portanto, ninguém vos julgue por causa de comida ou bebida, ou com respeito a dias de festa, ou lua nova, ou sábados, que são sombras das coisas futuras; mas o corpo é de Cristo.”
  4. Hebreus 4:9-10 – “Portanto, resta ainda um descanso sabático para o povo de Deus; pois aquele que entrou no descanso de Deus também descansou das suas obras, como Deus descansou das suas.”
  5. Romanos 14:5 – “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.”
  6. Gálatas 5:4 – “Estais separados de Cristo, vós que procurais justificar-vos pela lei; da graça tendes caído.”
  7. Marcos 2:27 – “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.”
  8. Deuteronômio 18:10-12 – “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro… Pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor.”
  9. Efésios 2:8-9 – “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.”
  10. Colossenses 2:8 – “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.”

Referências dos Escritos de Ellen White:

  1. Testemunhos para a Igreja, Vol. 6, p. 352 – “O sábado é a grande prova de lealdade, pois é o ponto de verdade especialmente controvertido.”
  2. O Grande Conflito, p. 605 – “O sábado será a grande prova de lealdade… enquanto a observância do falso sábado em conformidade com a lei do estado, contrária ao quarto mandamento, será uma declaração de lealdade a um poder que se opõe a Deus.”

Referências dos Pioneiros Adventistas:

  1. Joseph Bates, O Sábado do Sétimo Dia: Um Sinal Perpétuo – Argumenta pela natureza eterna do mandamento do sábado e o equipara a um teste de fé verdadeira.

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