Introdução
Muitas pessoas são atraídas pelas doutrinas adventistas, especialmente pela ênfase na guarda do sábado. No entanto, é crucial examinar cuidadosamente essas crenças à luz das Escrituras. Neste artigo, exploraremos passagens-chave do Livro de Isaías que são frequentemente usadas para defender a observância perpétua do sábado, mesmo no céu. Veremos como uma análise mais aprofundada revela uma imagem diferente.
O Contexto de Isaías 65 e 66
Os adventistas costumam citar Isaías 65:19-20 e 66:22-24 como evidência de que o sábado será observado no céu. No entanto, uma leitura atenta revela que esses capítulos não estão descrevendo o céu eterno, mas sim uma era futura na Terra. Observe os seguintes pontos:
- 1. Isaías 65:20 menciona morte e pecado, coisas que não existirão no céu (Apocalipse 21:4).
- 2. Isaías 66:24 fala de “cadáveres” e um lugar onde “o seu bicho não morre, e o seu fogo nunca se apaga”, uma referência ao inferno, não ao céu (Marcos 9:48).
Portanto, é um erro fundamental interpretar Isaías 65 e 66 como descrições do céu eterno. Eles retratam um período futuro na Terra, antes da criação dos novos céus e da nova terra mencionados em Apocalipse 21-22.
Sábados e Luas Novas
Outro ponto crucial frequentemente ignorado pelos adventistas é a menção às luas novas junto com os sábados em Isaías 66:23:
- “E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor” (Isaías 66:23).
Se os adventistas insistem que este versículo prova que o sábado continuará eternamente, então eles também devem aceitar que as celebrações da lua nova continuarão. No entanto, eles reconhecem que as festas da lua nova terminaram na cruz, com base em Colossenses 2:16-17. Não é possível afirmar que o sábado continua enquanto as luas novas não. No contexto, eles estão inseparavelmente ligados.
O Sábado nos Novos Céus e Nova Terra
O Novo Testamento descreve os novos céus e a nova terra de uma maneira que torna a observância do sábado impossível. Considere o seguinte:
- 1. Não haverá mais morte ou tristeza (Apocalipse 21:4).
- 2. Os corpos celestes desaparecerão e não haverá noite (2 Pedro 3:10-13; Apocalipse 21:23-25; 22:5).
- 3. Não haverá sacerdócio levítico ou templo (Apocalipse 21:22).
Sem dias e noites alternados, não pode haver um sétimo dia ou sábado semanal. Haverá luz eterna e a presença ininterrupta de Deus. A realidade eterna transcende os ciclos terrestres do tempo sobre os quais o sábado se baseia.
A Atemporalidade da Criação e da Eternidade
Um aspecto fundamental que os adventistas parecem ignorar é a natureza atemporal de Deus e da eternidade. Quando consideramos a criação, percebemos que o sábado só passou a existir após o sexto dia (Gênesis 2:2-3). Antes disso, não havia um ciclo semanal estabelecido. Isso nos lembra que Deus está além do tempo; Ele não está preso a ciclos de dias, meses ou anos. Como afirma o Salmo 90:2, “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”.
A eternidade, por sua própria natureza, é atemporal. Não é medida por dias ou semanas passageiras. Paulo nos lembra em 2 Coríntios 4:18 que “não atentamos nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. Nossa esperança está firmemente enraizada na promessa de vida eterna em Cristo (João 3:16), uma existência que transcende as limitações do tempo.
Quando projetamos essa compreensão da atemporalidade divina e eterna sobre a questão do sábado no céu, a posição adventista se torna insustentável. Sem dias e noites alternados, não pode haver um sétimo dia ou sábado semanal. Haverá luz eterna e a presença ininterrupta de Deus. A realidade eterna transcende os ciclos terrestres do tempo sobre os quais o sábado se baseia. Como João descreve em Apocalipse 22:5, “E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”.
Portanto, a ideia adventista de uma guarda sabática no céu é uma interpretação equivocada, baseada em uma compreensão limitada da natureza de Deus e da eternidade. O verdadeiro sábado, como Paulo explica em , é o descanso que encontramos em Cristo. Ele é a substância, enquanto o sábado semanal era apenas uma sombra. Em Mateus 11:28, Jesus nos convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Nele, experimentamos o verdadeiro descanso sabático, não apenas por um dia, mas por toda a eternidade.
Conclusão
Uma análise cuidadosa de Isaías 65, 66 e das passagens do Novo Testamento sobre os novos céus e a nova terra mostra que a doutrina adventista da observância perpétua do sábado carece de apoio bíblico sólido. Os crentes devem basear suas convicções em uma interpretação abrangente e contextual das Escrituras, não em alguns versículos isolados. Embora o descanso sabático tenha sido uma bênção sob a Antiga Aliança, os crentes da Nova Aliança encontram seu descanso final e satisfação em Cristo, não na observância de dias (Mateus 11:28-30; Colossenses 2:16-17). Ao contemplar a glória eterna que nos espera, somos lembrados de que nossa esperança e alegria estão firmemente enraizadas em Cristo e na obra consumada da redenção.