Crenças Adventistas – As Escrituras Sagradas

Introdução

A declaração adventista exalta a Bíblia como Palavra infalível e suprema, mas limita a inspiração às ideias dos autores, admite variantes textuais sem garantia verbal e coloca a hermenêutica sob forte dependência dos escritos de Ellen White. Com isso, dilui-se a inerrância, fere-se Sola Scriptura e abre-se espaço para relativizar a historicidade bíblica.

Análise

A crença começa afirmando que as Escrituras, Antigo e Novo Testamentos, são a revelação infalível e autoridade suprema de Deus. Todavia, logo afirma que “os homens – não as palavras – foram inspirados”. Transferir a obra do Espírito do texto para o escritor permite concluir que vocabulário, datas ou detalhes históricos podem conter falhas desde que a “ideia essencial” permaneça. Se as palavras podem falhar, quem garante que a mensagem não falhou junto?

O documento reforça a analogia entre a encarnação de Cristo e a composição bíblica: assim como o Verbo se fez carne com limitações humanas, a Bíblia seria “verdade divina em linguagem humana” sujeita a imperfeições. Essa comparação, porém, esquece que Jesus encarnado permaneceu sem pecado; a Escritura, paralelamente, não carece de erro para ser verdadeiramente humana. O resultado prático é a adoção implícita de uma “inerrância limitada” que contrasta com o ensino reformado de inerrância plena dos autógrafos.

A dependência funcional de Ellen White confirma a existência de uma fonte profética paralela. Embora se diga que “todos os dons devem ser provados pela Bíblia”, as visões de White são utilizadas como chave hermenêutica decisiva para doutrinas exclusivas (juízo investigativo, decreto dominical, sábado como selo escatológico). Na prática, isso estabelece um magistério adicional, violando o princípio reformado de que a Escritura é norma normans non normata – norma que a nada se submete.

Além disso, ao defender que discrepâncias entre Bíblia e ciência resultam de “compreensão imperfeita” de ambas, o texto deixa aberta a porta para que pressões acadêmicas redefinam a historicidade de Gênesis, dilúvio ou milagres. Contudo, o apóstolo Paulo constrói a doutrina da queda e da salvação na literalidade de Adão: se Adão não foi histórico, o paralelismo entre ele e Cristo em Romanos 5 torna-se alegórico, enfraquecendo a soteriologia bíblica.

As Escrituras apresentam-se a si mesmas como plenamente inspiradas: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino” (Segunda Carta de Paulo a Timóteo 3 verso 16) e “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (Segunda Carta de Pedro 1 verso 21). Jesus fundamentou a ressurreição de mortos em um tempo verbal (Evangelho segundo Mateus 22 versos 31 e 32) e afirmou que nem “um jota ou um til” passará da Lei (Evangelho segundo Mateus 5 verso 18). A autoridade divina, portanto, repousa em cada palavra, não apenas no conceito.

Colocar a ciência ou revelações posteriores como árbitro sobre a Bíblia inverte o tribunal divino. Isaías adverte: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão a alva” (Livro do Profeta Isaías 8 verso 20). Paulo lembra que a mensagem da cruz é “loucura” para o mundo, mas “poder de Deus” para os salvos (Primeira Carta de Paulo aos Coríntios 1 verso 18). A Escritura não pede absolvição de uma corte humana; ela pronuncia o veredicto de Deus sobre todas as cortes humanas.

Pastoralmente, a elasticidade doutrinária gera insegurança. Quando erros aparentes são detectados, crentes ouvem que tais detalhes “não afetam a salvação”, concluindo que a Bíblia é confiável apenas em ética abstrata. Entretanto, “Toda palavra de Deus é pura… nada acrescentes às Suas palavras” (Livro de Provérbios 30 versos 5 e 6). Uma fé cuja base textual pode ser negociada a cada nova descoberta jamais sustentará uma igreja em tempos de oposição.

Em síntese, a crença ostenta uma fachada ortodoxa ao elogiar a Bíblia, mas corrompe o fundamento ao negar-lhe a preservação verbal, ao permitir a correção por profetas pós-canônicos e ao submeter eventos históricos à crítica acadêmica. O salmista, porém, declara: “A soma da Tua palavra é verdade” (Livro dos Salmos 119 verso 160). Cada linha, cada sílaba, permanece firme para sempre.

Nota de Conformidade Bíblica:


Principais problemas

  • Inspiração limitada a ideias

  • Ausência de inerrância verbal

  • Magistério extra-bíblico de White

  • Historicidade bíblica relativizada

  • Ciência acima da Escritura


Referências

Documento doutrinário

  • Crença 1 – As Escrituras Sagradas: pp. 2, 4-5, 8-10, 14

Versos bíblicos citados na íntegra

  1. Segunda Carta de Paulo a Timóteo 3 verso 16
    “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça.”

  2. Segunda Carta de Pedro 1 verso 21
    “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.”

  3. Evangelho segundo Mateus 5 verso 18
    “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”

  4. Evangelho segundo Mateus 22 versos 31 e 32
    “E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos.”

  5. Carta de Paulo aos Romanos 5 versos 12 a 19
    “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e, pelo pecado, a morte; assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. […] Assim, pois, como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, muitos se tornarão justos.”

  6. Primeira Carta de Paulo aos Coríntios 15 versos 21 e 22
    “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.”

  7. Livro do Profeta Isaías 8 verso 20
    “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão a alva.”

  8. Primeira Carta de Paulo aos Coríntios 1 verso 18
    “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, é poder de Deus.”

  9. Livro de Provérbios 30 versos 5 e 6
    “Toda palavra de Deus é pura; Ele é escudo para os que nEle confiam. Nada acrescentes às Suas palavras, para que Ele não te repreenda e sejas achado mentiroso.”