Lição 4: Testemunhas de Cristo como o Messias
A Lição 4 da Escola Sabatina da Igreja Adventista do Sétimo Dia apresenta João Batista, junto com outros personagens bíblicos, como testemunhas da identidade messiânica de Jesus. A lição avança a ideia de que Ellen White ocupa um papel similar ao de João Batista, o precursor de Cristo, com a missão de “preparar o caminho” para o segundo advento de Cristo. Abaixo, abordarei cada dia da lição e incluirei uma crítica baseada em um entendimento bíblico mais aprofundado.
Sábado à Tarde
Texto da Lição: A lição abre com a afirmação de que João Batista e outros, como André, Pedro, Filipe e Natanael, foram “poderosas testemunhas de Jesus como o Messias” e que a semana de estudo se concentrará em como esses personagens apoiaram a identidade de Jesus. Em paralelo, a lição insinua que adventistas também devem ser testemunhas de Cristo, com foco na preparação para a volta de Jesus.
Análise Crítica: O estudo da semana parece seguir uma linha em que o foco se desvia da divindade de Cristo e de seu papel como Salvador para enfatizar o trabalho de João Batista como um precursor que “prepara o caminho” para um “entendimento correto” do Messias. Isso se torna problemático quando aplicado à visão adventista, especialmente na medida em que Ellen White é apresentada de forma similar, como uma figura essencial para a preparação da segunda vinda de Cristo, desviando o foco da Bíblia e da suficiência do Espírito Santo.
Domingo: O Testemunho de João Batista
Texto da Lição: A lição destaca que João Batista foi enviado como testemunha para preparar o caminho para Jesus e que ele afirmou categoricamente: “Eu não sou o Cristo” (João 1:20). Em seguida, a lição questiona: “De que maneira nós, como adventistas do sétimo dia, devemos fazer o mesmo tipo de ministério que João Batista?”.
Refutação e Análise: Comparar o ministério de João Batista com o papel da Igreja Adventista ou, implicitamente, de Ellen White é um desvio da mensagem bíblica. João Batista foi um profeta único, escolhido para apontar diretamente para Cristo. Ele não pretendia ser um guia contínuo para a igreja, nem um “intérprete” das Escrituras para as gerações futuras. Além disso, Jesus prometeu que o Espírito Santo guiaria os crentes em toda a verdade (João 16:13), não mencionando a necessidade de profetas adicionais para essa função.
Segunda-feira: O Cordeiro de Deus
Texto da Lição: “O objetivo do Evangelho de João era mudar o entendimento que os judeus tinham sobre o Messias, para que pudessem reconhecer em Jesus o cumprimento das profecias sobre o Rei vindouro.”
Refutação e Análise: Afirmar que o objetivo do Evangelho de João era corrigir um entendimento errado dos judeus sobre o Messias é superficial e redutor. O Evangelho de João apresenta Jesus como Deus encarnado, o Salvador que veio para dar a vida pela humanidade. O problema dos judeus não era apenas um “erro de entendimento”, mas sim a falta de fé e aceitação da divindade de Jesus, conforme evidenciado em João 8:24. O foco do Evangelho de João é provar que Jesus é o Filho de Deus e que, ao crer, temos vida em Seu nome (João 20:31).
Terça-feira: Os Dois Discípulos de João
Texto da Lição: A lição descreve os discípulos que deixaram João Batista para seguir Jesus e afirma que “o evangelho de João tem ênfase em trazer à luz quem é Jesus, para que essa boa nova possa ser compartilhada com o mundo”.
Refutação e Análise: Embora a lição reconheça o objetivo do Evangelho de João, ela falha ao considerar que o verdadeiro propósito não era apenas informar “quem é Jesus”, mas revelar Sua divindade e obra redentora. O foco de João é evidenciar que Jesus é o Filho de Deus, que salva a humanidade do pecado. Ao não abordar a totalidade do papel redentor de Cristo, a lição se concentra excessivamente no testemunho dos discípulos e obscurece a centralidade de Jesus como Salvador e Deus.
Quarta-feira: Filipe e Natanael
Texto da Lição: Natanael inicialmente duvida de que algo bom poderia vir de Nazaré, mas é convencido ao conhecer Jesus, que mostra Seu conhecimento sobrenatural sobre ele.
Refutação e Análise: Embora a lição explore corretamente a transformação de Natanael ao reconhecer Jesus, ela ignora a profundidade do que Jesus revela sobre si mesmo nesse encontro. Jesus demonstra Sua onisciência, um atributo divino, e aponta para Sua própria identidade como Filho de Deus. Esse evento não é apenas uma narrativa de convencimento humano, mas um exemplo de como Jesus revela Sua divindade de maneira sobrenatural, reforçando Seu papel como o Deus encarnado.
Quinta-feira: O Testemunho de Nicodemos
Texto da Lição: A lição discute a conversa de Jesus com Nicodemos, mas afirma que “Nicodemos veio com algumas dúvidas; ele ainda não reconhecia Jesus como o Cristo”.
Refutação e Análise: O diálogo com Nicodemos é central no Evangelho de João para explicar o conceito de novo nascimento. No entanto, a lição simplifica a mensagem, deixando de lado o ensinamento profundo sobre a necessidade de uma transformação espiritual total para entrar no Reino de Deus. O novo nascimento descrito por Jesus é uma obra do Espírito Santo, que muda a essência da pessoa. A ênfase adventista em “mudança comportamental” como parte do novo nascimento falha em captar a dimensão espiritual do que significa ser “nascido do Espírito” (João 3:5).
Sexta-feira: Reflexão e Considerações
Texto da Lição: A lição inclui um trecho de Ellen White em que ela diz que “através da fé, recebemos a graça de Deus… a mente e o coração são criados novamente na imagem de Cristo”.
Refutação e Análise: A citação de Ellen White afirma que o novo nascimento envolve uma transformação que inclui “obedecer à lei de Deus”. No entanto, Jesus deixa claro que a salvação é uma obra completa de fé e graça, não uma realização baseada em obedecer à lei (Efésios 2:8-9). A ênfase na obediência à lei desvia o foco da suficiência de Cristo e da ação transformadora do Espírito Santo.
Conclusão: Uma Visão Centrada em Cristo e no Evangelho Completo
A lição adventista sobre Testemunhas de Cristo como o Messias aborda temas essenciais do Evangelho de João, mas limita a compreensão ao sugerir que Ellen White ou a Igreja Adventista possuem um papel similar ao de João Batista e distorce o conceito do novo nascimento. A verdadeira mensagem do Evangelho de João é mostrar que Jesus é Deus encarnado, e a salvação é oferecida pela fé em Sua obra redentora, independente de práticas ou figuras adicionais.
Para o cristão, a suficiência de Cristo e das Escrituras deve ser o foco.
1. O Propósito do Evangelho de João
O Evangelho de João tem como objetivo principal revelar Jesus como Deus e como o caminho para a salvação eterna. A lição afirma que o propósito de João seria “corrigir o entendimento dos judeus sobre o Messias”. Essa afirmação reduz o propósito essencial do evangelho e desconsidera que o problema real era a falta de fé na divindade de Jesus, e não um simples erro de compreensão.
2. Comparação com João Batista
A lição sugere uma analogia entre o papel de João Batista e a missão adventista, incluindo Ellen White como uma figura profética dos “últimos dias”. Esse paralelo é infundado biblicamente. João Batista foi escolhido unicamente para preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo. Jesus é claro ao afirmar que o Espírito Santo, e não profetas adicionais, guiará os crentes em toda a verdade (João 16:13).
3. Novo Nascimento
Na conversa entre Jesus e Nicodemos (João 3), Jesus explica que o novo nascimento é uma transformação espiritual pelo Espírito Santo. No entanto, a lição limita o novo nascimento a uma mudança de comportamento e de mentalidade, sugerindo que o “compromisso” com os preceitos adventistas constitui essa transformação. Isso desconsidera a real profundidade do conceito bíblico de novo nascimento, que envolve uma regeneração completa e interna operada pelo Espírito Santo.
4. Dependência nos Escritos de Ellen White
A lição depende amplamente das citações de Ellen White para validar suas interpretações, colocando-a como uma “intérprete indispensável” das Escrituras. Essa dependência questiona a suficiência da Bíblia e pode desviar o foco de Cristo. A doutrina cristã centraliza-se na suficiência das Escrituras e do Espírito Santo como únicos guias de fé.