Introdução
A Lição 13, intitulada “O triunfo do amor de Deus”, aborda os eventos finais da escatologia adventista, incluindo o tempo de angústia, a segunda vinda de Cristo, o milênio e o juízo final. Ela enfatiza a esperança e o conforto que os crentes podem ter diante dos desafios dos últimos dias.
Embora a lição contenha verdades importantes sobre a fidelidade de Deus e a vitória final do bem sobre o mal, algumas de suas interpretações dos eventos finais refletem a escatologia distintamente adventista e vão além do que o texto bíblico claramente afirma. Como cristãos bíblicos, devemos fundamentar nossas doutrinas sobre o fim dos tempos na clara revelação das Escrituras, não em elaboradas reconstruções proféticas.
Domingo: Esperança no Tempo de Angústia
A lição corretamente aponta para as promessas bíblicas de proteção divina e entrega mesmo nos tempos de provação, citando passagens como Daniel 12:1 e Salmo 91.[1] De fato, os crentes podem ter confiança na presença e no cuidado de Deus nos tempos difíceis.
No entanto, a lição então faz declarações especulativas sobre um futuro “tempo de angústia” específico após o fechamento da porta da graça, quando “Jesus cessará Sua mediação no santuário do Céu”.[1] Embora a Bíblia fale de um período de tribulação antes da volta de Cristo (por exemplo, Mateus 24:21), os detalhes específicos descritos aqui refletem mais a escatologia sistemática adventista do que claras declarações bíblicas.
Segunda: Esperança do Breve Retorno de Jesus
A lição corretamente enfatiza a bendita esperança da segunda vinda de Cristo como o conforto supremo do crente, citando passagens como João 14:1-3 e Tito 2:13.[1] De fato, a promessa do retorno de Cristo é central para a fé cristã.
No entanto, a lição então faz a afirmação sensacional de que “uma vez a cada 25 versos, o NT fala da volta do Senhor”.[1] Embora a segunda vinda seja certamente um tema proeminente no Novo Testamento, essa estatística específica parece ser uma extrapolação, não um fato demonstrável. Devemos ter cuidado em fazer afirmações exageradas, mesmo quando defendemos verdades bíblicas.
Terça: O Milênio na Terra
A lição apresenta a interpretação adventista do milênio de Apocalipse 20, com Satanás confinado a uma Terra desolada, os ímpios mortos e os justos no céu.[1] Essa visão reflete a perspectiva pré-milenista historicista, que difere do pré-milenismo dispensacionalista e do amilenismo predominante na teologia protestante tradicional.[2]
Embora essa interpretação seja possível, ela depende de algumas suposições hermenêuticas questionáveis, como ler detalhes literais em imagens apocalípticas e juntar passagens de diferentes partes da Bíblia como se descrevessem a mesma cena. Leituras alternativas do milênio, como uma imagem simbólica do triunfo presente do evangelho, também encontram apoio na Escritura.[3]
Quarta: Juízo no Milênio
A lição descreve o juízo milenial em termos altamente pictóricos, com os santos examinando os registros de Deus para entender Suas decisões sobre os perdidos.[1] Embora a prestação de contas de todos perante Deus seja certamente bíblica (2 Coríntios 5:10), os detalhes específicos aqui refletem mais os escritos de Ellen White do que o texto bíblico.
A Bíblia de fato retrata os crentes julgando o mundo em algum sentido (1 Coríntios 6:2-3), mas isso provavelmente se refere mais à vindicação deles e à aprovação do julgamento de Deus do que a um exame forense detalhado dos registros durante o milênio. Devemos ser cautelosos em ir muito além do que a Escritura realmente diz sobre esses assuntos.
Quinta: Duas Eternidades
A lição contrasta os destinos eternos dos justos e dos ímpios, citando passagens como Apocalipse 20:11-15 e Malaquias 4:1-2.[1] Ela corretamente enfatiza a realidade e a seriedade do julgamento vindouro.
No entanto, a lição também faz a afirmação dogmática de que os ímpios serão aniquilados, não atormentados eternamente, com base em uma interpretação particular da frase “para todo o sempre” (Apocalipse 20:10).[1] Embora a aniquilação seja uma visão possível, a maioria dos cristãos ao longo da história interpretou as passagens sobre o castigo eterno de forma mais literal.[4] Novamente, devemos ser modestos e não dogmáticos sobre assuntos em que os cristãos bíblicos discordam.
Conclusão
Em resumo, a Lição 13 contém importantes lembranças da vitória final de Deus e da esperança que os crentes têm em Cristo. No entanto, muitos de seus detalhes dos eventos finais refletem um quadro escatológico adventista distintivo que vai além da clara revelação bíblica.
Como cristãos comprometidos com a autoridade das Escrituras, devemos fundamentar nossa esperança nas inconfundíveis promessas bíblicas do retorno de Cristo, do julgamento vindouro e da vida eterna, não em cronogramas proféticos especulativos. Somente então poderemos dizer com confiança: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Apocalipse 22:20).
Referências:
[1] Lição da Escola Sabatina Adulta, 2º trimestre de 2024, lição 13.
[2] Millard J. Erickson, Christian Theology, 3rd ed. (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2013), 1110-1116.
[3] G. K. Beale, The Book of Revelation, NIGTC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1999), 972-1021.
[4] Christopher W. Morgan and Robert A. Peterson, eds., Hell Under Fire (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004), 16.
Correções Importantes
A Autoridade Suprema: A Bíblia vs. Ellen White na Teologia Adventista
O princípio protestante fundamental do “sola scriptura” (apenas as Escrituras) afirma que a Bíblia é a única autoridade infalível e suficiente para a doutrina e a vida cristã. Contudo, na teologia adventista, os escritos de Ellen G. White têm sido frequentemente elevados a um nível de autoridade quase igual ou até superior à própria Palavra de Deus. Essa prática mina a suficiência das Escrituras e ameaça distorcer o verdadeiro evangelho bíblico.
Um Caminho Perigoso
A elevação dos escritos de Ellen White como autoridade doutrinária ao lado da Bíblia é um caminho perigoso que inevitavelmente leva a interpretações distorcidas e especulações não bíblicas. À medida que os adventistas procuram harmonizar a Bíblia com os ensinos de White, é tentador reinterpretar ou ir além do que as Escrituras realmente ensinam. Isso viola o princípio do “sola scriptura” e abre a porta para doutrinas extraídas mais da imaginação humana do que da revelação divina.
Isso é ilustrado de forma preocupante na Lição 13 da Escola Sabatina Adulta do segundo trimestre de 2024, intitulada “O Triunfo do Amor de Deus”. Embora a lição contenha verdades importantes sobre a esperança cristã, ela também reflete uma interpretação escatológica distintamente adventista que diverge significativamente do ensino bíblico.
Exemplo 1: O Tempo de Angústia
A lição apresenta a noção adventista de um futuro “tempo de angústia” após o fechamento da “porta da graça”, quando “Jesus cessará Sua mediação no santuário do Céu”. No entanto, como observado na análise, essa ideia específica não tem fundamento claro nas Escrituras e parece refletir mais a escatologia sistemática adventista do que a revelação bíblica.
Essa noção é derivada dos ensinos de Ellen White, que descreveu um “tempo de angústia” após o encerramento do ministério intercessor de Cristo no “santuário celestial”. No entanto, a Bíblia não ensina claramente tal cenário detalhado. Ao elevar os escritos de White a uma autoridade quase igual à Bíblia, os adventistas são levados a ler suas interpretações especulativas nas Escrituras.
Exemplo 2: O Milênio na Terra
A lição também apresenta a visão adventista do milênio de Apocalipse 20, com Satanás confinado a uma Terra desolada, os ímpios mortos e os justos no céu. No entanto, como observado, essa interpretação depende de algumas suposições hermenêuticas questionáveis e difere da compreensão pré-milenista dispensacionalista e amilenista predominante na teologia protestante.
Mais uma vez, essa perspectiva reflete os ensinos detalhados de Ellen White sobre o milênio, não uma interpretação direta e simples do texto bíblico. Ao dar a White autoridade igual ou superior à Bíblia, os adventistas são levados a adotar uma escatologia complexa que vai muito além do que as Escrituras realmente ensinam.
Exemplo 3: O Juízo Milenial
A lição descreve um juízo milenial altamente pictórico, com os santos examinando os registros de Deus para entender Suas decisões sobre os perdidos. No entanto, como apontado, esses detalhes específicos refletem mais os escritos de Ellen White do que o texto bíblico.
Enquanto a Bíblia de fato menciona os crentes julgando o mundo de alguma forma (1 Coríntios 6:2-3), ela não fornece os tipos de detalhes elaborados que a lição apresenta. Mais uma vez, ao elevar os ensinos de White à mesma autoridade da Bíblia, os adventistas são levados a adotar uma visão do juízo final que transcende a revelação bíblica.
A Raiz do Problema: Desviando-se do “Sola Scriptura”
A raiz desses problemas pode ser traçada de volta à prática adventista de dar aos escritos de Ellen White uma autoridade quase igual ou até superior à própria Bíblia. Embora os adventistas afirmem acreditar no princípio do “sola scriptura”, na prática eles frequentemente permitem que os ensinos de White moldem ou até contradizem sua interpretação das Escrituras.
Isso é evidente não apenas na Lição 13, mas em muitos outros aspectos da teologia adventista, como a doutrina do santuário celestial, a observância do sábado, a negação da natureza imortal da alma e a crença na aniquilação final dos ímpios. Em todos esses casos, os ensinamentos distintivos de Ellen White desempenham um papel fundamental na moldagem das doutrinas adventistas, às vezes em conflito com uma simples leitura das Escrituras.
O Verdadeiro Evangelho nas Escrituras
Como cristãos comprometidos com a autoridade das Escrituras, devemos ter cuidado para não permitir que qualquer voz humana, por mais respeitada que seja, substitua ou obscureça a clara revelação da Palavra de Deus. Nossa esperança deve ser fundamentada nas inconfundíveis promessas bíblicas do retorno de Cristo, do julgamento vindouro e da vida eterna, não em cronogramas proféticos especulativos ou sistemas doutrinários elaborados.
O verdadeiro evangelho é encontrado nas Escrituras, não nos escritos de qualquer líder religioso posterior. Embora possamos aprender com os insights de outros cristãos, devemos estar sempre dispostos a corrigir qualquer ensino que se desvie da verdade revelada nas Escrituras Sagradas.
Um Chamado à Reforma
Para os adventistas, isso significa estar dispostos a rever criticamente os ensinos de Ellen White à luz das Escrituras e a abandonar qualquer doutrina que não possa ser claramente sustentada pelo texto bíblico. É um chamado a retornar ao princípio do “sola scriptura” e permitir que a Bíblia, e somente a Bíblia, seja a autoridade final em todas as questões de fé e prática.
Somente então os adventistas poderão redescobrir a verdadeira mensagem das Escrituras, livre das especulações e sistemas elaborados que obscurecem o evangelho simples de graça pela fé em Cristo. É um chamado a uma reforma genuína, não apenas na escatologia, mas em toda a teologia e vida da igreja.
Conclusão
Em última análise, a lição 13 e sua escatologia distintamente adventista são sintomas de um problema mais profundo na teologia adventista: a prática de elevar os escritos de Ellen White a uma autoridade quase igual ou até superior à Bíblia. Ao fazer isso, os adventistas violam o princípio fundamental do “sola scriptura” e se abrem para interpretações distorcidas e especulações não bíblicas.
É hora de os adventistas retornarem à autoridade suprema e suficiente das Escrituras Sagradas. Somente então poderão redescobrir o verdadeiro evangelho de graça pela fé em Cristo, livre das sombras das tradições humanas. Que este chamado à reforma encontre ouvidos receptivos e corações dispostos a seguir a Palavra de Deus acima de todas as vozes humanas.