Ellen White é vista como profetisa por Deus? Há suporte bíblico?

Resposta:

A questão do papel profético de Ellen G. White e da autoridade de seus escritos é um ponto de debate entre adventistas e outros cristãos. Alguns questionam se ela pode ser considerada uma profetisa inspirada por Deus e se há base bíblica para aceitar seus escritos. No entanto, uma análise dos princípios bíblicos sobre o dom profético e a forma de testar profetas mostra que há razões para ser cauteloso em relação a Ellen G. White.

Primeiro, é importante reconhecer que Deus realmente concedeu o dom profético à igreja primitiva. Em Efésios 4:11-13 lemos: “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.”

No entanto, a Bíblia também alerta sobre a existência de falsos profetas. Em Mateus 7:15-20, Jesus adverte: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!”

Portanto, a existência de alguém que se diz profeta não é garantia de autenticidade. É preciso avaliar seus “frutos”, isto é, o conteúdo de suas mensagens e seu caráter à luz da Palavra de Deus.

Em Deuteronômio 18:20-22, Deus estabelece critérios para identificar um verdadeiro profeta: “Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma coisa que eu não lhe terei mandado falar ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto’. Se você disser no seu coração: ‘Como reconheceremos a palavra que o Senhor não falou?’, saiba que: se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir, esta é uma mensagem que o Senhor não deu. Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele”.

Assim, um verdadeiro profeta deve falar em total harmonia com a revelação prévia de Deus (a Bíblia) e suas predições devem se cumprir. Caso contrário, não se deve temer sua mensagem, pois não veio de Deus.

Uma passagem chave nesse debate é Apocalipse 22:18-19, que contém uma séria advertência: “Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro. Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que estão descritas neste livro.”

Embora o contexto imediato se refira ao livro de Apocalipse, o princípio se aplica a toda a Escritura, que é inspirada por Deus (2 Timóteo 3:16). Não se deve acrescentar ou subtrair nada da Palavra de Deus. Essa advertência levanta questões sobre escritos extrabíblicos que são colocados em pé de igualdade com a Bíblia ou vistos como necessários para interpretá-la.

Outro princípio bíblico relevante é a suficiência das Escrituras. Em 2 Timóteo 3:16-17 lemos: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” A Bíblia é suficiente para nos tornar “plenamente preparados”. Não precisamos de escritos extrabíblicos para nos guiar.

Ao aplicarmos esses princípios bíblicos a Ellen G. White, surgem algumas questões. Seus escritos passam no teste de total harmonia com a Escritura? Suas predições específicas, como as relacionadas à volta de Cristo, se cumpriram? Aceitar seus escritos como quase que no mesmo nível da Bíblia não viola a advertência de Apocalipse 22:18-19? Apelar aos escritos de Ellen G. White como chave interpretativa ou fonte de doutrinas não diminui a suficiência das Escrituras?

É verdade que seus escritos contêm coisas edificantes. Não se deve rejeitá-los totalmente independente se ainda sob a sombra dos plágios realizados durante décadas. Mas elevá-los ao nível de “testemunho inspirado” e considerá-los quase que como um “menor profeta” ao lado da Bíblia parece ir além do que as Escrituras permitem.

A Bíblia deve ser nossa regra de fé e prática. Devemos testar todas as coisas e reter o que é bom (1 Tessalonicenses 5:20-21). Mas não devemos ir além da Palavra de Deus (1 Coríntios 4:6). Temos que ser como os bereanos, que conferiam tudo com as Escrituras para ver se era assim (Atos 17:11).

Portanto, a Bíblia nos dá razões para sermos cautelosos em relação a Ellen G. White e não aceitarmos automaticamente todas as suas visões e escritos como inspirados no mesmo nível da Escritura. Devemos examiná-los à luz da Palavra de Deus e não ir além do que está escrito. Nossa fé e doutrina devem se fundamentar no claro ensino bíblico.

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