O movimento Adventista do Sétimo Dia tem uma história fascinante, marcada por eventos significativos que moldaram sua identidade e crenças. Um desses eventos é o julgamento de Israel Dammon, que ocorreu em 1845 e envolveu uma das figuras mais importantes do Adventismo: Ellen G. White. Recentemente, um grupo de historiadores Adventistas se reuniu para analisar a transcrição desse julgamento e discutir suas implicações para a compreensão da origem do movimento e do papel de Ellen White.
Neste artigo, exploraremos as principais revelações dessa discussão, conforme registrado na revista Spectrum, e como elas lançam uma nova luz sobre o contexto inicial do Adventismo e a natureza das visões de Ellen White. Prepare-se para uma jornada intrigante através da história, cheia de insights surpreendentes e questões instigantes.
Os Participantes:
– Frederick Hoyt – Professor de história e ciência política na Universidade de Loma Linda
– Rennie Schoepflin – Professor assistente de história na Universidade de Loma Linda
– Jonathan Butler – Erudito visitante na Universidade da Califórnia em Riverside, lecionou história religiosa americana no Union College e na Universidade de Loma Linda
– Ronald Graybill – Professor associado de história na Universidade de Loma Linda, trabalhou no Ellen G. White Estate em Washington, D.C. por 13 anos até 1984
O Julgamento de Dammon:
A transcrição do julgamento de Israel Dammon, ocorrido em 1845, revela um lado surpreendente dos primeiros anos do movimento Adventista. Durante o julgamento, várias testemunhas descreveram cenas de comportamento fanático e extático, incluindo pessoas rolando no chão, gritando e se envolvendo em práticas questionáveis. O mais chocante é que Ellen White, uma figura central no Adventismo, estava presente e participou desses eventos.
As revelações do julgamento de Dammon levantam questões sobre o contexto das visões iniciais de Ellen White e como esse ambiente caótico pode ter influenciado sua experiência profética. Os historiadores envolvidos na discussão exploram as implicações dessas informações para a compreensão da igreja sobre inspiração e o papel de Ellen White na formação da doutrina e prática Adventista.
A Reação dos Adventistas Modernos:
Um dos aspectos mais intrigantes da discussão é como os Adventistas modernos podem reagir a essas novas informações. Muitos Adventistas desconhecem o contexto fanático do movimento inicial e das visões de Ellen White. Essas revelações podem ser inquietantes e abalar a fé de alguns membros da igreja.
Os historiadores também levantam questões sobre o papel da pesquisa histórica na formação ou desafio de crenças e narrativas religiosas. Há uma tensão entre o compromisso com a precisão histórica e a sensibilidade ao impacto potencial na fé dos crentes Adventistas.
A Transição do Adventismo:
Um ponto crucial discutido pelos historiadores é a transição do Adventismo de um movimento radical e milenarista para uma igreja mais institucionalizada e racional. Eles argumentam que Ellen White desempenhou um papel fundamental nessa transição, ajudando a guiar a igreja para longe do fanatismo inicial e em direção a uma estrutura mais estável e organizada.
No entanto, essa transição também levanta questões sobre a consistência da experiência profética de Ellen White e como suas visões foram influenciadas pelos contextos em mudança. Os historiadores exploram a relação entre o entusiasmo religioso e a sobrevivência e institucionalização a longo prazo dos movimentos religiosos.
Conclusão:
A discussão dos historiadores Adventistas sobre o julgamento de Dammon oferece uma visão fascinante da origem do movimento Adventista e do papel de Ellen White. Embora as revelações possam ser inquietantes para alguns, elas também destacam a importância de estudar os contextos sociais, culturais e históricos em que ocorrem as experiências religiosas.
Através dessa análise, podemos obter uma compreensão mais nuançada e contextualizada da vida de Ellen White e do desenvolvimento do Adventismo. Embora possa ser desafiador conciliar o contexto inicial fanático com a natureza mais racional da igreja moderna, essa jornada de descoberta é essencial para apreciar plenamente a rica história e a evolução contínua do movimento Adventista do Sétimo Dia.
20 Preocupações de Oficiais da Igreja Adventista
1. A transcrição do julgamento de Dammon revela o envolvimento de Ellen White em comportamentos religiosos fanáticos durante os primeiros anos do movimento Adventista.
– “Há muita coisa acontecendo aqui e Ellen faz parte disso.” (Jonathan Butler)
2. O contexto das visões iniciais de Ellen White era de caos e fanatismo, o que pode levantar questões sobre sua origem divina.
– “É difícil aceitar que Deus tinha algo a ver com o que estava acontecendo naquele tipo de caos.” (Ronald Graybill)
3. O movimento Adventista inicial foi caracterizado por um milenarismo radical e comportamento entusiástico que foi posteriormente abandonado à medida que a igreja se institucionalizou.
– “O que é interessante sobre este documento é a revelação dessa fase radicalmente milenarista do Adventismo do Sétimo Dia. Foi extremamente breve, emocional, extática e frenética, mas notável, não por ter existido, mas por ter existido por tão pouco tempo – apenas cerca de sete anos.” (Jonathan Butler)
4. A maioria dos Adventistas modernos desconhece o contexto fanático do movimento Adventista inicial e das visões de Ellen White.
– “Não há nenhum Adventista do Sétimo Dia vivo, ou que eu tenha conhecido, que acreditaria nesse tipo de fenômeno.” (Jonathan Butler)
5. As informações na transcrição do julgamento de Dammon podem ser inquietantes e potencialmente abalarem a fé de muitos Adventistas.
– “Eu acho que muitos Adventistas ficarão escandalizados com isso. Alguns ficarão tão escandalizados que poderão até acreditar que, se não foi fabricado, pelo menos as testemunhas quiseram distorcer o que viram.” (Rennie Schoepflin)
6. O artigo desafia a narrativa tradicional do papel profético de Ellen White e dos primeiros anos do movimento Adventista.
– “Se você tivesse apenas Ellen White e não esta transcrição, você nunca imaginaria Ellen White em uma cena como esta. Você a imaginaria chegando em uma sala cheia desta atividade, e imediatamente repreendendo todos os envolvidos, e limpando o local antes que a polícia chegasse.” (Jonathan Butler)
7. Os estudiosos lidam com as implicações dessa evidência histórica para a compreensão da igreja sobre inspiração e o papel de Ellen White na formação da doutrina e prática Adventista.
– “Finalmente, muitos retomarão suas vidas religiosas e começarão de novo, mas não mais com o tipo de visão ingênua e excessivamente otimista de seu passado. E isso será tudo.” (Rennie Schoepflin)
8. A relação simbiótica entre a liderança visionária de Ellen White e as habilidades organizacionais de James White foi crucial para conduzir o movimento através de seus primeiros anos tumultuados.
– “Eu acho que a relação entre Ellen e James é crítica. Você olha por todo o mundo para inúmeros movimentos milenaristas que aparecem como efêmeros e depois desaparecem. Eu acho que a diferença entre o Adventismo do Sétimo Dia e outros movimentos semelhantes que morrem é que Ellen White se acomodou ao mundo moderno.” (Jonathan Butler)
9. A aceitação das visões de Ellen White não pode ser divorciada do contexto entusiástico inicial do movimento Adventista.
– “Parte disso é apenas nosso sentimento sobre a diferença entre uma mulher deitada no chão e uma mulher andando e tendo uma visão.” (Ronald Graybill)
10. A transição das visões de Ellen White de um contexto inicial caótico para um mais estável e ordenado levanta questões sobre a consistência de sua experiência profética.
– “O que temos aqui é um movimento que, por um breve período de tempo, foi radicalmente milenarista. Eles pensavam que o fim do mundo estava chegando em questão de semanas ou meses. E os Adventistas do Sétimo Dia não acreditam nisso hoje.” (Jonathan Butler)
11. O artigo destaca os desafios na interpretação de experiências religiosas e sua relação com contextos históricos em mudança.
– “À medida que o contexto muda, a definição do fenômeno também muda.” (Rennie Schoepflin)
12. Os estudiosos envolvidos na discussão têm perspectivas diferentes sobre como os Adventistas modernos podem reagir a essa informação e suas implicações para sua fé.
– “Eu acho que muitos Adventistas ficarão escandalizados com isso. Alguns ficarão tão escandalizados que poderão até acreditar que, se não foi fabricado, pelo menos as testemunhas quiseram distorcer o que viram.” (Rennie Schoepflin)
– “Não, não, você não os seculariza. Eles foram secularizados e começaram a ser secularizados por sua profetisa em 1847.” (Jonathan Butler)
13. O artigo levanta questões sobre o papel da pesquisa histórica na formação ou desafio de crenças e narrativas religiosas.
– “Eu acho que o que mais perturbaria o Adventista médio seria descobrir que o White Estate sabia disso o tempo todo e manteve em segredo. Que houve um encobrimento disso.” (Frederick Hoyt)
14. A discussão revela tensões entre o compromisso dos estudiosos com a precisão histórica e sua sensibilidade ao impacto potencial na fé dos crentes Adventistas.
– “Francamente, eu mesmo estou um pouco envergonhado. Quando li, apenas hoje, aquele aviso no The Midnight Cry sobre Israel Dammon, cujo julgamento havia sido noticiado em todos os jornais, eu sabia que havia lido isso antes e deveria ter ido imediatamente encontrar todos os jornais.” (Ronald Graybill)
15. O artigo destaca a necessidade de uma compreensão mais nuançada e contextualizada da vida de Ellen White e do movimento Adventista inicial.
– “Eu acho que parte do problema é que os Adventistas do Sétimo Dia têm sido tão estreitos e tão provincianos, com tão pouca compreensão do que acontece com outros movimentos religiosos.” (Jonathan Butler)
16. Os estudiosos lidam com a questão de como conciliar o contexto fanático inicial das visões de Ellen White com a natureza mais racional e institucionalizada da igreja Adventista moderna.
– “São transes, mas não é uma comunidade de médiuns em transe, extáticos, roladores e cuspidores. Agora se tornou um grupo de estudiosos da Bíblia, com esta única mulher. Os outros foram descartados.” (Jonathan Butler)
17. A discussão levanta questões sobre a natureza da autoridade religiosa e o papel dos líderes carismáticos na formação e desenvolvimento de movimentos religiosos.
– “Há uma ironia aqui. Um visionário começa porque existe este estranho caos e comportamento louco. Esse é o contexto que produz essas pessoas. Mas, se eles sobreviverem e tiverem um impacto histórico, eles têm que transcender rapidamente este mundo. E ela fez isso.” (Jonathan Butler)
18. O artigo destaca a importância de estudar os contextos sociais, culturais e históricos em que ocorrem as experiências religiosas.
– “Se as visões só fazem sentido em contextos como as reuniões de Dammon, então, uma vez que esses contextos desaparecem, as visões se vão.” (Rennie Schoepflin)
19. Os estudiosos discutem o processo de secularização e como ele pode ter influenciado o desenvolvimento da igreja Adventista e sua compreensão das visões de Ellen White.
– “Até o Adventismo do Sétimo Dia é modernizado de muitas maneiras. Veja sua medicina, seu uso da educação superior, suas explicações para tudo o que faz. Veja sua burocracia em Washington, D.C. Esses homens funcionam em categorias modernas de pensamento, eles leem o Wall Street Journal, eles investem no mercado de ações, eles são homens modernos.” (Jonathan Butler)
20. O artigo levanta questões sobre a relação entre o entusiasmo religioso e a sobrevivência e institucionalização a longo prazo dos movimentos religiosos.
– “O que estamos dizendo é que o contexto mudou; mas agora temos outro contexto que é muito mais ordenado, e Ellen é uma atriz nele.” (Jonathan Butler)