Introdução
A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) é uma denominação cristã que se destaca por suas doutrinas distintivas. Embora compartilhe muitas crenças com a ortodoxia cristã, algumas doutrinas adventistas divergem significativamente dos ensinos bíblicos e da tradição cristã histórica. Este artigo tem como objetivo analisar criticamente essas doutrinas à luz das Escrituras e da teologia ortodoxa, oferecendo uma refutação fundamentada.
1. O Sábado
A doutrina adventista da observância do sábado baseia-se em uma interpretação literal do quarto mandamento (Êxodo 20:8-11). No entanto, o Novo Testamento ensina que Cristo é o cumprimento da lei (Mateus 5:17) e que os crentes não estão mais sob a lei, mas sob a graça (Romanos 6:14). O apóstolo Paulo declara que ninguém deve julgar os crentes em relação a dias santos, incluindo o sábado (Colossenses 2:16-17). Além disso, os primeiros cristãos reuniam-se no primeiro dia da semana (domingo) para partir o pão e adorar (Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2), estabelecendo um precedente para a prática cristã.[1]
2. O Estado dos Mortos
A doutrina adventista do “sono da alma” após a morte carece de suporte bíblico sólido. Jesus ensinou que após a morte, os crentes vão imediatamente para a presença de Deus (Lucas 23:43), enquanto os ímpios enfrentam o julgamento (Lucas 16:19-31). O apóstolo Paulo expressou seu desejo de partir e estar com Cristo (Filipenses 1:23) e afirmou que estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor (2 Coríntios 5:8). Essas passagens indicam uma existência consciente após a morte, não um estado de inconsciência.[2]
3. O Juízo Investigativo
A doutrina adventista do juízo investigativo, que começou em 1844, não encontra fundamento nas Escrituras. A Bíblia ensina que o destino eterno é determinado no momento da morte (Hebreus 9:27) e que não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). O julgamento final ocorrerá no fim dos tempos, quando Cristo voltar (Mateus 25:31-46; Apocalipse 20:11-15). A ideia de um juízo investigativo em andamento não é mencionada na Bíblia e diminui a suficiência da obra expiatória de Cristo na cruz.[3]
4. O Dom de Profecia
Embora a Bíblia mencione o dom da profecia (1 Coríntios 12:10), a doutrina adventista de que Ellen G. White possuía esse dom levanta questões sobre a suficiência e a autoridade das Escrituras. O cânon bíblico está completo (Apocalipse 22:18-19), e qualquer nova revelação deve ser testada contra a Palavra de Deus (1 João 4:1). Muitas das doutrinas distintivas da IASD derivam dos escritos de White, e não da Bíblia. Isso levanta preocupações sobre a base da autoridade doutrinária adventista.[4]
Reflita:
Com base na análise acima, propõe-se uma refutação teológica das doutrinas adventistas que se opõem à ortodoxia cristã:
1. O sábado deve ser entendido à luz do cumprimento de Cristo da lei e da liberdade dos crentes em relação às ordenanças cerimoniais. A adoração no domingo, conforme praticada pelos primeiros cristãos, honra a ressurreição de Cristo e a nova aliança.[5]
2. A doutrina bíblica do estado intermediário afirma a existência consciente após a morte, com os crentes na presença de Cristo e os ímpios enfrentando o julgamento. O “sono da alma” não é uma representação precisa do ensino bíblico.[6]
3. O conceito de um juízo investigativo em andamento carece de base bíblica e diminui a obra consumada de Cristo. O destino eterno é determinado pela resposta individual a Cristo, e o julgamento final ocorrerá no fim dos tempos.[7]
4. Embora o dom da profecia seja válido, a suficiência e a autoridade das Escrituras devem ser defendidas. Qualquer suposta nova revelação deve ser testada contra a Palavra de Deus e não deve contradizer ou substituir a verdade bíblica.[8]
Conclusão
A análise crítica das doutrinas adventistas distintivas revela desvios significativos dos ensinos bíblicos e da ortodoxia cristã. O sábado, o estado dos mortos, o juízo investigativo e o dom de profecia, conforme entendido pela IASD, carecem de suporte bíblico sólido e introduzem conceitos que não estão alinhados com a fé cristã histórica.
Assista:
Fontes:
[1] Wright, N. T. (2016). O Dia do Senhor. Em “Ressurreição do Filho de Deus” (Vol. 3, pp. 207-261). Fortress Press.
[2] Cooper, J. W. (2000). Alma e Corpo: Uma Antropologia Bíblica. Wipf and Stock Publishers.
[3] Gaffin, R. B. (2008). Ressurreição e Redenção: Um Estudo na Soteriologia de Paulo. P&R Publishing.
[4] Cheng, J. (2017). A Questão da Sucessão Profética: Respostas Evangélicas a Reivindicações Proféticas Modernas. Journal of the Evangelical Theological Society, 60(2), 333-352.
[5] Carson, D. A. (Ed.). (1982). Desde o Sábado até o Dia do Senhor: Um Estudo Bíblico-teológico. Zondervan.
[6] Cullmann, O. (1958). Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos? A Resposta do Novo Testamento. Epworth Press.
[7] Schreiner, T. R. (2018). Teologia Bíblica da Nova Aliança: O Desdobramento da Escatologia do Antigo Testamento na Era Messiânica. Baker Academic.
[8] Allison, G. R. (2011). Teologia Histórica: Um Introdução à Doutrina Cristã. Zondervan.