Aniquilação dos ímpios ou tormento eterno: Qual é bíblico?

Resposta:

A questão do destino eterno dos ímpios é um tema complexo e sensível, sobre o qual cristãos sinceros têm divergido. Embora a visão adventista do aniquilacionismo tente levar a sério a linguagem bíblica de destruição e morte, uma análise mais aprofundada das Escrituras parece fornecer uma base mais sólida para a doutrina tradicional da imortalidade da alma e do tormento eterno.

Diversos textos bíblicos sugerem que a alma humana continua existindo conscientemente após a morte física. Em Lucas 16:19-31, na história do rico e de Lázaro, ambos parecem conscientes após a morte, embora em reinos diferentes. O ladrão na cruz é prometido estar com Cristo no Paraíso naquele mesmo dia (Lucas 23:43). Paulo expressa o desejo de partir e estar com Cristo, o que ele considera melhor (Filipenses 1:23).

Quanto ao destino dos ímpios, Jesus fala repetidamente de um lugar de punição eterna. Ele adverte sobre ser lançado na “Geena de fogo” (Mateus 5:22), um lugar onde “o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9:48). Em Mateus 25:46, Ele contrasta o destino dos justos e dos ímpios: “E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”. A palavra grega aqui traduzida como “castigo” (kolasis) denota punição contínua, não aniquilação.

O livro de Apocalipse também contém passagens que sugerem um tormento contínuo. Apocalipse 14:11 fala daqueles que adoram a besta: “e a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos; e não têm repouso nem de dia nem de noite”. Apocalipse 20:10 descreve o destino final do diabo, da besta e do falso profeta: “e serão atormentados dia e noite, pelos séculos dos séculos”. Se este é o destino de seres espirituais, parece implicar uma punição contínua, não aniquilação.

Teologicamente, a doutrina da imortalidade da alma e do castigo eterno parece se encaixar melhor com a dignidade inerente dos seres humanos feitos à imagem de Deus. Se os ímpios simplesmente deixassem de existir, isso pareceria diminuir a seriedade e as consequências eternas de rejeitar o Criador. Além disso, se Deus concede imortalidade apenas aos redimidos, isso poderia implicar uma forma de aniquilacionismo para Cristo na cruz, quando Ele carregou nossos pecados.

No entanto, é crucial enfatizar que essa é uma questão na qual cristãos bíblicos podem discordar respeitosamente. A salvação não depende de aderir à “visão correta” sobre o inferno, mas de uma relação de fé com Jesus Cristo. Adventistas que sustentam o aniquilacionismo não devem ser considerados hereges ou não cristãos por causa dessa crença.

Dito isto, eu encorajaria meus amigos adventistas a reexaminar essa doutrina à luz do ensino bíblico mais amplo. Embora passagens sobre destruição e morte sejam significativas, elas precisam ser equilibradas com textos que falam de punição eterna consciente. Talvez a resposta esteja em uma punição contínua, mas com diferentes graus baseados na culpa de cada um (Lucas 12:47-48).

Independentemente da visão que se tenha, uma coisa é clara: o destino eterno é uma questão de infinita importância e urgência. O inferno, seja aniquilação ou tormento eterno, é uma realidade terrível a ser evitada a todo custo. E o céu, a vida eterna na presença de Deus, é uma esperança gloriosa que vale mais do que tudo neste mundo.

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