A Teologia Fanática da “Porta Fechada”

Introdução

O movimento Adventista do Sétimo Dia, fundado por Ellen G. White, Tiago White, Joseph Bates e outros pioneiros no século XIX, tem sido objeto de estudo e preocupação por parte de teólogos e estudiosos da religião devido às suas doutrinas peculiares e posições teológicas controversas. Uma dessas doutrinas, conhecida como a “Porta Fechada”, merece um exame mais aprofundado à luz das Escrituras e da perspectiva da Sola Scriptura.

A Origem da Doutrina da “Porta Fechada”

A doutrina da “Porta Fechada” surgiu após o grande desapontamento de 22 de outubro de 1844, quando o retorno de Cristo, conforme previsto pelo movimento Milerita, não se concretizou. Em vez de reconhecer seu erro, os Mileritas decidiram que a data estava correta, mas o evento estava errado. Eles afirmaram que naquela data Jesus havia entrado no segundo compartimento do santuário celestial e iniciado um “Julgamento Investigativo” [1]. Durante esse período, acreditava-se que a oportunidade de salvação para o mundo havia terminado e que apenas um pequeno grupo de adventistas que aceitou a mensagem Milerita seria salvo. Essa crença ficou conhecida como a doutrina da “Porta Fechada” [2].

A Bíblia, no entanto, ensina claramente que a salvação está disponível para todos que creiam em Jesus Cristo, como afirma João 3:16: “**Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.**” [3]

O Papel de Ellen G. White na Promoção da “Porta Fechada”

Ellen G. White, considerada uma profetisa pelo movimento Adventista, desempenhou um papel significativo na promoção da doutrina da “Porta Fechada”. Embora ela tenha posteriormente negado ter ensinado essa doutrina [4], evidências de seus escritos e declarações de seus contemporâneos sugerem o contrário.

Em uma carta a Joseph Bates em 1847, Ellen White escreveu: “**Eu sabia que ele tinha um e outro estava em casa, mas não sabia o que havia nele, pois não tinha lido uma palavra nele.**” [5] Essa declaração contradiz sua alegação posterior de que nunca ensinou a doutrina da “Porta Fechada”.

Além disso, seu marido, Tiago White, afirmou em 1847: “**Quando ela recebeu sua primeira visão, em dezembro de 1844, ela e toda a banda em Portland, Maine, [onde seus pais então residiam] haviam desistido do clamor da meia-noite e fechado a porta, como se estivesse no passado. Foi então que o Senhor lhe mostrou em visão o erro no qual ela e a banda em Portland haviam caído.**” [6] Isso indica claramente que as visões de Ellen White confirmaram e restabeleceram a crença na “Porta Fechada”.

A Bíblia adverte contra falsos profetas e visões enganosas, como lemos em Jeremias 23:16: “**Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que vos profetizam; eles vos fazem desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.**” [7]

A Mudança Gradual na Doutrina da “Porta Fechada”

Conforme o tempo passou e o Senhor não retornou como esperado, a doutrina da “Porta Fechada” começou a ser redefinida pelo movimento Adventista. Eles passaram a ensinar que a porta estava fechada apenas para aqueles que ouviram e rejeitaram a mensagem Milerita, enquanto aqueles que não tiveram a oportunidade de ouvi-la ainda poderiam ser salvos [8].

No entanto, essa mudança gradual na doutrina não altera o fato de que ela foi inicialmente ensinada e promovida por Ellen White e outros líderes Adventistas. A Bíblia nos adverte a testar todas as coisas e reter o que é bom, como lemos em 1 Tessalonicenses 5:21: “**Examinai tudo. Retende o bem.**” [9]

Evidências Adicionais do Envolvimento de Ellen G. White

Otis Nichols, um amigo próximo dos White, escreveu em uma carta a William Miller em abril de 1846 que a mensagem de Ellen White era que “**NOSSO TRABALHO FOI FEITO PARA AS IGREJAS NOMINAIS E PARA O MUNDO, E O QUE FALTAVA A SER FEITO ERA PARA A FAMÍLIA DA FÉ.**” [10] Isso demonstra claramente que Ellen White estava pregando a doutrina clássica da “Porta Fechada”.

Além disso, a “Visão de Camden”, datada de 29 de junho de 1851, contém declarações fortes sobre a “Porta Fechada”, como: “**Eu vi que Jesus orou por seus inimigos; mas isso não deveria nos levar a orar pelo MUNDO PERVERSO, QUE DEUS REJEITOU… SEU ESPÍRITO E SIMPATIA FORAM RETIRADOS DO MUNDO; E NOSSA SIMPATIA DEVE SER COM JESUS, E DEVE SER RETIRADA DOS PERVERSOS.**” [11] Embora a autenticidade desta visão tenha sido questionada por alguns adventistas, a evidência sugere fortemente que ela é genuína e reflete os ensinos de Ellen G. White sobre a “Porta Fechada” durante esse período.

O Perigo dos Movimentos Fanáticos

A história da doutrina da “Porta Fechada” no movimento Adventista serve como um alerta sobre os perigos de movimentos fanáticos e sem fundamentos bíblicos sólidos. Quando as doutrinas e práticas de um grupo religioso se desviam das verdades claras das Escrituras, há um risco significativo de engano e erro.

A Bíblia nos instrui a estudar diligentemente as Escrituras e a basear nossa fé e prática na Palavra de Deus, como vemos em 2 Timóteo 3:16-17: “**Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.**” [12]

Conclusão

Ao examinarmos a doutrina da “Porta Fechada” promovida pelo movimento Adventista do Sétimo Dia em seus primórdios, torna-se evidente que essa crença não está firmemente fundamentada nas Escrituras. O papel de Ellen G. White na promoção dessa doutrina através de suas visões e escritos levanta sérias questões sobre sua credibilidade como profetisa.

Como cristãos, somos chamados a testar todas as coisas à luz da Palavra de Deus e a nos afastar de doutrinas e práticas que contradizem as verdades bíblicas. Que possamos sempre nos apegar à Sola Scriptura como nossa autoridade final em questões de fé e prática.

Recursos Adicionais


1. “The White Lie” de Walter Rea [13] 2. “The Cultic Doctrine of Seventh-day Adventists” de Dale Ratzlaff [14] 3. “The Clear Word” de Jack Blanco [15] 4. “Graven Images: The Adventist Dilemma” de Douglas Hackleman [16] 5. “From Sabbath to Sunday: A Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity” de Samuele Bacchiocchi [17]

Referências:


  • [1] White, E. G. (1945). Early Writings. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, p. 42.
  • [2] Nichol, F. D. (1951). Ellen G. White and Her Critics. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, p. 161.
  • [3] Bíblia Sagrada, João 3:16.
  • [4] White, E. G. (1958). Selected Messages, Book 1. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, p. 63.
  • [5] White, E. G. (1847). Letter to Joseph Bates, July 13, 1847.
  • [6] White, J. (1847). A Word to the Little Flock. Brunswick, ME: James White, p. 22.
  • [7] Bíblia Sagrada, Jeremias 23:16.
  • [8] Nichol, F. D. (1951). Ellen G. White and Her Critics. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, p. 181.
  • [9] Bíblia Sagrada, 1 Tessalonicenses 5:21.
  • [10] Nichols, O. (1846). Letter to William Miller, April 1846.
  • [11] White, E. G. (1851). The Camden Vision, June 29, 1851.
  • [12] Bíblia Sagrada, 2 Timóteo 3:16-17.
  • [13] Rea, W. (1982). The White Lie. Turlock, CA: M & R Publications.
  • [14] Ratzlaff, D. (1996). The Cultic Doctrine of Seventh-day Adventists. Glendale, AZ: Life Assurance Ministries.
  • [15] Blanco, J. (1994). The Clear Word. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
  • [16] Hackleman, D. (1987). Graven Images: The Adventist Dilemma. Oakland, CA: Pacific Press Publishing Association.
  • [17] Bacchiocchi, S. (1977). From Sabbath to Sunday: A Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity. Rome: The Pontifical Gregorian University Press.

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