A guarda do sábado é realmente necessária para a salvação?

Resposta:

A questão sobre a guarda do sábado como um requisito para a salvação é um ponto de discordância entre Adventistas do Sétimo Dia e a maioria dos outros cristãos. Adventistas creem que a observância do sábado é um sinal do povo de Deus dos últimos dias e uma marca de lealdade e obediência. No entanto, uma análise bíblica cuidadosa levanta dúvidas sobre se a guarda do sábado é de fato uma necessidade para a salvação na era da nova aliança.

Primeiro, é importante reconhecer que o sábado foi dado como um sinal especial da aliança de Deus com Israel. Êxodo 31:16-17 diz: “Os israelitas guardarão o sábado, celebrando-o por todas as suas gerações como aliança perpétua. Será um sinal entre mim e os israelitas para sempre, pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele parou e descansou”.

No entanto, com a vinda de Cristo, a antiga aliança deu lugar à nova aliança. Colossenses 2:16-17 aborda diretamente a questão da guarda de dias: “Portanto, que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou por causa de dias de festa religiosa, ou festa da lua nova, ou sábados. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” Esse texto sugere que a observância do sábado era uma sombra apontando para Cristo, e não uma obrigação contínua para os crentes da nova aliança.

Em Gálatas 4:9-11, Paulo repreende os cristãos gálatas por voltarem a observar dias especiais: “Mas agora que vocês conhecem a Deus, ou melhor, são conhecidos por ele, como é que estão voltando para esses princípios religiosos fracos e sem valor? Vocês estão querendo ser escravos deles novamente? Vocês estão observando dias especiais, meses, temporadas e anos! Temo que todo o meu esforço por vocês tenha sido inútil.” Paulo parece equiparar a observância legalista de dias com uma forma de escravidão da qual Cristo nos libertou.

Além disso, o Novo Testamento apresenta a fé em Cristo, e não a observância de dias, como o requisito para a salvação. Efésios 2:8-9 deixa isso claro: “Porque pela graça vocês são salvos, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” A salvação é pela graça mediante a fé, não pela guarda do sábado ou qualquer outra obra.

Romanos 14:5-6 indica que no período do Novo Testamento havia liberdade e diversidade quanto à observância de dias: “Há quem considere um dia mais sagrado que outro; e há outro que considera todos os dias iguais. Cada um deve ter uma convicção pessoal. Quem considera um dia como especial, para o Senhor assim o faz. Quem come carne, come para o Senhor, pois dá graças a Deus; e quem se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.” Se a guarda do sábado fosse essencial para a salvação, dificilmente Paulo teria uma atitude tão flexível.

É verdade que Jesus disse em Mateus 5:17-19 que não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la. No entanto, o contexto mostra que Jesus está se referindo aos princípios morais da Lei, não aos aspectos cerimoniais como sábados e festas. Ele próprio afirmou ser Senhor do sábado (Mateus 12:8) e não hesitou em curá-lo, mostrando que o bem do ser humano está acima de um legalismo sabático.

Certamente há valor em separar um dia para descanso e adoração. O princípio de santificar um tempo para Deus é válido. Mas elevar a guarda do sábado como um requisito salvífico parece ir além do ensino bíblico e colocar sobre os crentes um jugo que nem mesmo os judeus puderam suportar (Atos 15:10).

Em última análise, nossa salvação e justiça vêm somente por meio de Cristo. Gálatas 3:11 afirma: “E é evidente que ninguém é justificado diante de Deus pela lei, porque ‘o justo viverá pela fé’.” Fazer da observância do sábado uma obrigação legal para a salvação pode desviar o foco do evangelho da graça.

Como cristãos, somos chamados a viver em obediência e devoção a Deus todos os dias. Mas nossa obediência flui do amor e gratidão por Cristo, não de um legalismo sabático. Enquanto alguns podem escolher guardar o sábado como uma expressão de devoção, elevar isso a um requisito salvífico parece ir além do claro ensino bíblico sobre a graça e a liberdade em Cristo.

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