A Doutrina do Juízo Investigativo

Introdução

Neste módulo, exploraremos 10 razões pelas quais a doutrina do juízo investigativo, ensinada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, não se sustenta à luz das Escrituras e da teologia protestante histórica. Cada razão será acompanhada de uma refutação das passagens bíblicas utilizadas pelos adventistas para defender essa doutrina, contrastando-as com o ensino bíblico do julgamento no momento da morte.

1. Falta de Fundamento Bíblico Sólido

A principal objeção à doutrina do juízo investigativo é a falta de um fundamento bíblico sólido. Os defensores dessa doutrina geralmente se baseiam em interpretações específicas de passagens como Daniel 7 e Apocalipse 14, mas essas interpretações são questionáveis e não são amplamente aceitas na teologia cristã.

Refutação: Os adventistas frequentemente citam Daniel 8:14 como base para o juízo investigativo: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. No entanto, esse texto deve ser entendido no contexto do período profético e da purificação do santuário terreno, não de um julgamento celestial futuro.

A Bíblia ensina que o julgamento ocorre no momento da morte (Hebreus 9:27). “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,”

2. Contradiz a Doutrina da Justificação pela Fé

A doutrina do juízo investigativo contradiz o princípio bíblico da justificação pela fé. Se a salvação depende de uma investigação das obras individuais, isso entra em conflito com o ensino bíblico de que somos salvos pela graça, por meio da fé em Cristo, e não por nossas próprias obras (Efésios 2:8-9).

Refutação: Os adventistas frequentemente citam Apocalipse 22:12 como base para o juízo investigativo: “Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para retribuir a cada um segundo a sua obra”. No entanto, esse texto se refere às recompensas dos cristãos, não à salvação em si.

A salvação é um dom gratuito de Deus, recebido pela fé em Cristo (Efésios 2:8-9). “Pois pela graça vocês são salvos, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”

3. Implica em Salvação Parcial

A crença em um julgamento investigativo antes da segunda vinda de Cristo implica em uma salvação parcial ou condicional, onde os fiéis ainda não estariam completamente salvos até que sejam aprovados nesse julgamento. Isso contraria o ensino bíblico de que a salvação é um dom gratuito de Deus, recebido no momento em que cremos em Cristo (João 3:16).

Refutação: Os adventistas às vezes citam 1 Pedro 4:17 como base para o juízo investigativo: “Porque é tempo de começar o julgamento pela casa de Deus”. No entanto, esse texto se refere ao julgamento de Deus sobre a igreja nesta vida, não a um julgamento celestial futuro.

A Bíblia ensina que a salvação é completa e definitiva no momento em que cremos em Cristo (João 3:16). “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”

4. Nega a Suficiência da Obra Expiatória de Cristo

A doutrina do juízo investigativo sugere que a obra expiatória de Cristo na cruz não foi suficiente para garantir a salvação dos crentes. Isso contradiz o ensino bíblico de que a morte de Cristo na cruz foi um sacrifício completo e suficiente para a remissão dos pecados (Hebreus 10:10).

Refutação: Os adventistas frequentemente citam Romanos 14:10 como base para o juízo investigativo: “Porque todos compareceremos ante o tribunal de Cristo”. No entanto, esse texto se refere ao julgamento final de todos os seres humanos, não a um julgamento investigativo dos cristãos antes da segunda vinda.

A Bíblia ensina que a obra expiatória de Cristo na cruz é suficiente para a salvação de todos os que creem (Hebreus 10:10). “E, por essa vontade, fomos santificados mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez por todas.”

5. Introduz Insegurança na Salvação

Ao sugerir que a salvação depende de uma investigação minuciosa das obras individuais, a doutrina do juízo investigativo introduz um elemento de insegurança e incerteza na experiência da salvação. Isso contrasta com o ensino bíblico de que os crentes podem ter a certeza da salvação por meio da fé em Cristo (1 João 5:13).

Refutação: Os adventistas às vezes citam Mateus 7:21-23 como base para o juízo investigativo: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. No entanto, esse texto se refere a falsos professantes, não aos verdadeiros crentes.

A Bíblia ensina que os cristãos genuínos podem ter a certeza da salvação pela fé em Cristo (1 João 5:13). “Escrevo-lhes estas coisas, a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que saibam que têm a vida eterna.”

6. Contradiz a Doutrina da Segurança Eterna

A crença em um julgamento investigativo, onde os crentes podem ser considerados indignos de salvação com base em suas obras, contradiz a doutrina da segurança eterna, que ensina que aqueles que verdadeiramente creem em Cristo nunca perderão a salvação (João 10:28-29).

Refutação: Os adventistas às vezes citam Ezequiel 18:24 como base para o juízo investigativo: “Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade […] porventura viverá?”. No entanto, esse texto se refere a apostasia deliberada, não à possibilidade de perder a salvação por falta de obras perfeitas.

A Bíblia ensina que os verdadeiros crentes são seguros em Cristo (João 10:28-29). “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai.”

7. Foco Excessivo nas Obras

Ao enfatizar a necessidade de uma investigação minuciosa das obras individuais, a doutrina do juízo investigativo desvia o foco do evangelho da graça e coloca uma ênfase excessiva nas obras humanas. Isso pode levar a um legalismo e a uma falta de confiança na graça suficiente de Deus.

Refutação: Os adventistas às vezes citam Apocalipse 20:12 como base para o juízo investigativo: “E vi os mortos, pequenos e grandes, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros”. No entanto, esse texto se refere ao julgamento final de todos os seres humanos, não a um julgamento investigativo dos cristãos antes da segunda vinda.

A Bíblia ensina que somos salvos pela graça, não pelas obras (Tito 3:5) “Não por obras de justiça por nós praticadas, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,”

8. Ausência na Teologia Protestante Histórica

A doutrina do juízo investigativo está ausente na teologia protestante histórica, incluindo as confissões de fé e os escritos dos Reformadores. Essa é uma doutrina distintamente adventista, que não encontra paralelo na tradição protestante mainstream.

Refutação: Os adventistas às vezes citam 1 Pedro 4:17 novamente como base para o juízo investigativo: “Porque é tempo de começar o julgamento pela casa de Deus”.

“Vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros.” Apocalipse 20:12 na NVI (Nova Versão Internacional) – Este verso claramente fala sobre um julgamento futuro, no qual os mortos são julgados de acordo com o que fizeram. Isso sugere um juízo futuro, não um julgamento que ocorre durante a vida terrena da igreja, como interpretado pelos Adventistas do Sétimo Dia.

9. Contradiz o Caráter Imutável de Deus

A ideia de um julgamento investigativo sugere que Deus precisa de um processo adicional para determinar quem é digno de salvação. Isso contradiz o caráter imutável de Deus, que conhece todas as coisas desde o princípio e cuja graça é suficiente para salvar todos os que creem em Cristo (Romanos 8:30).

Refutação: Os adventistas às vezes citam Apocalipse 3:5 como base para o juízo investigativo: “Aquele que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma

riscarei o seu nome do livro da vida”. No entanto, esse texto se refere à perseverança dos crentes, não a um julgamento investigativo.

A Bíblia ensina que Deus é imutável e conhece todas as coisas desde o princípio (Malaquias 3:6), “Eu, o Senhor, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Jacó, não foram destruídos.”

Este verso enfatiza a imutabilidade de Deus e Sua fidelidade às Suas promessas. Isso refuta a ideia de que o juízo investigativo ocorre em diferentes períodos da história da igreja, indicando que Deus não muda Sua forma de julgar ou Sua justiça ao longo do tempo.

10. Julgamento no Momento da Morte

A Bíblia ensina claramente que o julgamento ocorre no momento da morte, e não em um evento futuro antes da segunda vinda de Cristo. Esse conceito é consistente com a teologia protestante histórica.

Refutação: Os adventistas comumente citam Daniel 7:9-10 como base para o juízo investigativo: “Eu estive observando até que foram colocados tronos, e um ancião de dias se assentou […] o juízo se assentou, e os livros se abriram”. No entanto, esse texto se refere ao julgamento final de todos os seres humanos, não a um julgamento investigativo dos cristãos antes da segunda vinda. A Bíblia ensina que o julgamento ocorre no momento da morte (Hebreus 9:27). “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,”

Este versículo destaca que após a morte, há um julgamento, implicando que o julgamento não é algo que ocorre durante a vida terrena da igreja, mas sim após a morte de cada indivíduo. Isso contradiz a ideia do juízo investigativo adventista, que sugere um exame dos registros das vidas dos crentes antes do retorno de Cristo.

Conclusão

Embora a doutrina do juízo investigativo seja central para a teologia adventista, existem várias razões pelas quais ela não se sustenta à luz das Escrituras e da teologia protestante histórica. Desde a falta de fundamento bíblico sólido até contradições com doutrinas fundamentais como a justificação pela fé e a suficiência da obra expiatória de Cristo, essa doutrina tem sido alvo de críticas e questionamentos legítimos. É importante que os cristãos avaliem cuidadosamente essas objeções e busquem uma compreensão bíblica sólida da salvação e do julgamento de Deus, que ocorre no momento da morte.

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